domingo, 3 de novembro de 2013

O que a Ciência tem a dizer sobre fantasmas e assombrações?

Cheiro de enxofre, fogo nas paredes e a visualização de eventos sobrenaturais admitem explicações racionais satisfatórias. Mas nem tudo pode ser entendido ainda pela ciência

Fonte da imagem: Reprodução/WikimediaCommonsO que a Ciência tem a dizer sobre fantasmas e assombrações?
Fantasmas e assombrações são pautas sempre de grande sucesso. Já falamos inclusive sobre as 7 cidades fantasma mais curiosas do mundo – publicamos também 10 fotos que supostamente captaram a existência de alguma coisa vinda do lado de lá, lembra-se?
Mas o que a ciência tem a dizer sobre este tão contundente assunto? Pode ser que o poder criativo dos homens seja capaz de aberrações. Veja só: uma pesquisa recentemente divulgada pela CBS afirma que quase metade dos estadunidenses acredita em fantasmas – 22% deles afirmam conseguir sentir a presença de seres de “outra dimensão”.
E os cientistas são certeiros em dizer que, até o momento, não há evidência de que eventos sobrenaturais acontecem de fato. Então como explicar acontecimentos que aparentemente burlam a racionalidade?

Perturbações

O pesquisador Loyd Auerbach, que acredita em assombrações e estuda fantasmas e aparições há mais de 30 anos, admite que a maioria dos eventos não passa de percepções distorcidas de fenômenos naturais. “É sempre uma predisposição – [as pessoas que veem coisas] têm assistido a muitos shows de TV ou algo ruim aconteceu na vida delas”, explica o estudioso.
Temos inclinação a interpretar qualquer fenômeno.Fonte da imagem: Reprodução/NofapLife
“Às vezes as pessoas estão perturbadas psicologicamente, ‘e’ descubro que a maior parte delas está percebendo algo de forma equivocada porque estão ainda em um estado sensível. São pessoas altamente influenciáveis, e quando um prego salta para fora da parede, finalmente, elas atribuem logo um significado a ele [ou a qualquer] evento mundano”, diz também Auerbach.

Estímulos elétricos e nosso cérebro

Acontece que a combinação de diferentes fenômenos pode resultar em uma “visualização fantasmagórica”. Pesquisas datadas de 1970 já indicam que frequências eletromagnéticas baixas podem estimular determinadas áreas do cérebro, produzindo efeitos associados ao relato de pessoas que veem assombrações – dores de cabeça, tontura e a presença de sombras na visão periférica são alguns dos produtos gerados pelos tais estímulos.
E Hollywood bem sabe disso (pelo menos desde de 1950): esse é o motivo, inclusive, do uso de tons baixos na trilha sonora de filmes de terror.

Cheiro de enxofre e fogo nas paredes!

Auerbach é cauteloso em atribuir apenas às ondas baixas o testemunho de acontecimentos sobrenaturais. “Não eram apenas dores de cabeça; a família também disse que tudo cheirava a enxofre e que marcas de fogo foram vistas nas paredes”, disse o cientista sobre um dos seus casos investigados.
Suposto fantasma aparece em prédio queimado.Fonte da imagem: Reprodução/Paranormal
Mas de onde o cheiro desagradável e marcas de incêndio nas paredes surgiram? Depois de uma minuciosa investigação, o pesquisador descobriu que a casa da família assombrada fora construída sobre um depósito de lixo. A decomposição dos dejetos resultou na emissão de gás metano, e a eletricidade estática da residência acabou ateando fogo nas paredes.

Ilusões de ótica

A incidência de luz sobre uma superfície refletora pode causar ilusões de ótica. A pareidolia, fenômeno psicológico capaz de ligar acontecimentos aleatórios a uma referência qualquer, também é constatação comum em casos desse tipo – ver rostos em nuvens ou escutar vozes a partir de rajadas de vento são alguns dos exemplos dessa curiosa condição mental.
Há um rosto ali?Fonte da imagem: Reprodução/WikimediaCommons
Para Dante Centouri, diretor de produções criativas do Centro de Ciência Great Lakes, as aparições de fantasmas estão sempre associadas à má interpretação de fenômenos naturais – e racionalmente explicáveis, portanto. “Estamos muito propensos a cometer erros de percepção e observação”, diz Centouri. “Somos educados a preencher uma lacuna por [ícones] de um contexto cultural”, esclarece o diretor.

Pegadinha, rá!

Parece brincadeira, mas alguns dos casos investigados por Loyd Auerbach não passam de uma tentativa desesperada de pessoas clamando por atenção. Crianças fazendo pegadinhas com parentes ou até mesmo tentando fazer pesquisadores se passarem por tolos são lamentáveis realidades quando se pretende estudar assombrações.
Livro de 1933 mostra imagem falsa.Fonte da imagem: Reprodução/WkimediaCommons
“Recebo chamadas de vez em quando em que sinto algo ‘estranho’. Sempre pergunto às pessoas o que elas querem com a investigação. Quando dizem que desejam vendar a história para o cinema e fazer um monte de dinheiro, [digo que] prefiro não me envolver”, conta Auerbach.

Mas nem tudo pode ser explicado

Um tipo de estranhamento se mostra existente em pesquisas que visam analisar fenômenos aparentemente paranormais no campo das ciências. Conduzir estudos que têm por objetivo investigar a fundo assombrações é uma empreitada de risco a acadêmicos. “Quando você se livra de toda a porcaria falsa (algo em torno de 95% dos casos), o resíduo deixado parece ser algo real”, admite Robert Schoch, professor de ciências naturais da universidade de Boston.
Cuidado ao chegar a conclusões...Fonte da imagem: peodução/MyConfinedSpace
De acordo com Schoch, pode ser que exista uma relação entre os campos eletromagnéticos da Terra e os estímulos elétricos percebidos por determinadas pessoas. “Um estudo analisou as aparições e os padrões geomagnéticos da superfície da Terra. Parece que é possível relacionar os casos de aparições com o fluxo geomagnético”, observa, cautelosamente, Schoch.

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